Minhas Artes

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Amo gatos!

Desmanchando os Dramas

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

As fibras


Dicas de como cuidar de suas peças em tricô:

1. Início
2. Um pouco da História da Indústria Têxtil
3. História do tricô e do tricô irlandês
4. Os tecidos
5. Os fios
6. As fibras
7. Lavagem á úmido 
8. Limpeza à seco
9. Cuidados especiais


Para entender os fios precisamos partir de sua matéria-prima, que podem ser fibras naturais ou químicas. Elas são diferentes em todos os sentidos.

As fibras naturais são de origem orgânica:
  
1.Vegetais: ex: cânhamo, algodão, linho,juta, sisal, etc. Note que estas fibras possuen ranhuras, porque são formadas de microfibrilas (parecida como a micrografia da morfologia interna do sisal), ou escamas que protegem uma cutícula. Esta característica lhes dá porosidade e fragilidade.

 
Fonto micrográfica de uma fibra de algodão. Microfibrilas muito unidas, torção natural.


Fotos micrográfias de uma fibra de sisal. Pequenas microfibrilas muito unidas formando escamas.
Foto de fios de juta.

2.Animais: pêlos de animais, que resultam em diversos tipos de lãs, a seda, etc. Choquei quando li que a seda da teia de aranha também é usada! Esta fibra é uma das matérias-primas usadas para a confecção de uma fibra sintética muito resistente, leve, e bem resistente, a kevlar, que é usada no fabrico de , raquetes de tênis, coletes e capacetes anti-balas. Bem resistente, não?


Foto micrográfica de uma fibra natural: lã.

Foto micrográfica de fibra natural: seda.

3.Minerais: Somente o amianto, que é uma fibra utilizada para roupas contra fogo, muito usado por bombeiros. No entanto, algumas fontes informam que está sendo proibida porque seu beneficiamento é tóxico.

Fibra de amianto.

As fibras químicas, surgiram após Revolução Industial e podem ser:

1.Artificiais: que são aquelas que partem de uma matéria-prima natural e são transformados pelo homem. Surgiram  daquela necessidade de (re)aproveitamento dos rejeitos da indústria. Por exemplo: o línter do algodão, filamentos muito finos junto a casca do fruto do algodoeiro, não aproveitados para a fiação do algodão. São subdivididas em fibras celulósicas, de origem vegetal, que são, por exemplo, a viscose e os acetatos; e as fibras proteínicas, de origem animal, onde o nylon é o maior exemplo.

Fibra de viscose.

Foto micrográfica da fibra artificial: nylon.

2.Sintéticas: são aqueles que se produz a partir de produtos químicos da indústria petroquímica. Ex: lycra, poliéster, poliamida, acrilan, elastano, etc. A tecnologia têxtil avança cada vez mais produzindo fios inteligentes e específicos para um determinado uso, como é o caso dos tecidos utilizados para os esportes.

Foto micrográfica de uma fibra sintética: tactel.
Fibras biomiméticas: funcionam como músculos.

E existem ainda as fibras inorgânicas:
Os exemplos mais comuns são a fibra cerâmica, de carbono, de vidro, a lã de escória e a fibras metálicas.

Fibra de vidro.

E, estes são apenas alguns exemplos...Os tecidos e os fios podem ser compostos de fibras da mesma origem ou serem mistos, numa combinação determinada por preferências, moda, conforto, uso, etc.
Depois de tudo isto, preciso me exibir (risos), quando eu fiz o poema ao lado eu estava completamente certa: o tricô é muito mais que fios entrelaçados, é um documento de um tempo, nosso tempo (nossos pensamentos, nossas formas de tricotar, de costurar, etc.), mas também do lugar e tempo em que vivemos (a matéria prima, seu modo de produção, costumes). Pensa bem: tu escolhes o que tu queres usar ( teu gosto, a moda da época, sexo, etc.) , e no uso, tu também deixa tuas impressões ali (teu cheiro, teu suor, tuas células, o formato do teu corpo, os cuidados). Isto é, quando no futuro estudarem nossas roupas, elas explicarão o costume desta época, podendo até definir, sob alguns aspectos, quem as usou.
Mas, vamos complicar um pouquinho mais... as informações do rótulo dos fios que compramos nem sempre são completas ou verdadeiras e, a olho nu, não podemos identificar se são verdades ou não. Recentemente tive a comprovação que nossas indústrias omitem as verdadeiras composições dos fios que compramos. Os trabalhos em lã (poncho, jaqueta, casacão, etc.) que expus aqui no blog, no rótulo do novelo dizia “lã pura-100%”, mas dentro do laboratório da faculdade fizemos o simples teste de queima do fio, com supervisão de um professor, e concluiu-se que era na verdade uma lã mista. Simples dedução: se após á queima o cheiro for de cabelo queimado, houver demora para queimar, com resto de cinzas, é lã pura; se tiver cheiro tiver plástico junto, a queima for mais rápida, e formar uma bolinha preta, lã mista (depentende da quantidade do percentual de pureza); se o fio queimar muito rápido, formar uma bolinha e depois pingar como plástico derretido, e cheiro de mesma característica, é um fio artificial ou sintético. Da mesma forma as linhas de verão, ok? E não vou dizer “não faça isso em casa” (risos) porque não explode, e para um adulto é simples.
Neste estudo outras questões foram levantadas, como por exemplo, a comparação das reações das fibras naturais rústicas com das industriais em relação a durabilidade, de onde se pode concluir que as primeiras são mais duráveis a longo prazo. Porquê? Porque são menos porosas (as microfibrilas estão muito unidas) que aquelas que receberam aditivos químicos.
Observe  as escamas que existem na lã, os produtos químicos, como sabões e detergentes, penetram ali e depois reagem com a composição química da fibra. As fibras do algodão são bem longas, bem unidas,  por isto são mais resistentes. Apesar disso, as microfibrilas podem se soltar com lavagens constantes, onde a porosidade da fibra vai aumentar e deixar exposta as camadas internas. Já as fibras sintéticas não tem escamas ou poros, elas são microtubinhos.  Veja as fotos:

Foto micrográfica de uma fibra mista: lã mista. Fibra sintética e de lã natural.

Foto micrográfica de um corte trasversal de fibras artificiais: thermastat. Sintéticos e artificiais são tubinhos.

O fato de que as fibras sintéticas e artificiais não possuírem porosidade não quer dizer que não não de degradem quimicamente. Elas são formadas por compostos retirados do petróleo que reagem rapidamente com a poluição do ar. Os aditivos químicos, pó, micro partículas orgânicas e microorganismos aderem à parede da fibra ou por entre as várias fibras, afetam a estabilidade do fio, inciando reações em cadeia que terminarão por degradar a matéria. E é a umidade desencadeia essas reações químicas e, tanto faz ser a umidade do ar ou da lavagem, o fim, a longo tempo será o mesmo.
E tem mais: sei que é nojento pensar nisso, mas há células humanas misturadas nos fios. Se o beneficiamento do fio for manual, há células de estranhos; na tecelagem do tricô, manual ou de maquinário, deixamos nossas células; nos abraços, células de nossos amores. Não há como evitar isto e, ...sinto dizer, ácaros comem células, podem romper algumas fibrinhas do fio, ou o seu excremento vai reagir com a matéria, podendo formar fungos.

Foto micrográfica de um ácaro.

Todos os microorganismos adoram cabelos, migalhas de comida, pó... Eca! Tá, péra ai...não vais colocar fora seus blusões...risos...
Além disto, o envelhecimento de qualquer fibra, fio ou tecido (e qualquer objeto) deve ser entendido também como a ação do tempo (temperatura e época) e incidência da luz. Se as fibras dos fios que usamos para cofeccionar nossas peças são fruto de nossa era, e por isso são frágeis e, ainda por cima sofrem lavagens contínuas, secagem ao sol, são passadas, tem uso descuidado, é claro que nossos casacões terão menor durabilidade. Isso favoresce a degradação química, o ataque de microorganismos e insetos, que adoram comer o que está fragilizado.
E, se não se pode evitar esta degradação química, a menos que  coloquemos nossos casacões em molduras (muito esterilizadas!), podemos fazer esforços para minimizar danos, não é?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Os fios


Dicas de como cuidar de suas peças em tricô:

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3. História do tricô e do tricô irlandês
4. Os tecidos
5. Os fios
6. As fibras
7. Lavagem á úmido 
8. Limpeza à seco
9. Cuidados especiais

A fiação é o processo sofrido pelas fibras, que resultam em diferentes tipos e espessuras de fios. Um fio pode ser formado de filamento único (de diversas fibras, ou uma só) ou num conjunto de filamentos dispostos lado a lado que são submetidos à torção.  Fios únicos e texturizados, sem torção, são menos resistentes à ruptura.



A torção pode ser em "S" ou "Z", sendo que o número de voltas possíveis é determinada pela espessura e pelo comprimento dos filamentos. A espessura é dependente da quantidade de fibras dispostas lado a lado. A origem, a quantidade das fibras e a torção do fio são importantes para a permanência dos tecidos. São elas que determinam, por exemplo, a resistência à fricção de uma lavagem, ao calor (ferro elétrico), ao desfiamento, higroscopia (absorção da água), hidrofobia (repulsão da água), capacidade de evaporação (o que evita fungos), resiliência (capacidade de voltar ao estado de origem depois de sofrer uma deformação qualquer), resistência à ruptura, conforto ao uso (sensação tátil, quente ou fresco, etc.)...
Não é novidade para nenhuma de nós que existem muitos tipos de fios. Costumamos fazer a escolha dos fios pelo uso que a peça terá, pelo preço, pela cor, pela sensação tátil, por modernidade e pela aparência. Raciocinamos para a durabilidade mais para os fios de algodão, destinados a blusas de verão ou peças de uso doméstico. Nada de errado nisso. O fio de algodão é mesmo, dentre os fios naturais, o mais resistente à lavagem, tem boa fixação da cor, boa evaporação, pouco cede, não desfia com facilidade, pode ser passado, etc. Porém, este mesmo fio de algodão perde em elasticidade, perde em capacidade de aquecer, é muito higroscópico, etc. A lã natural, por exemplo, já não volta ao normal se for umedecida e/ou sofrer muitas fricções numa lavagem, por isso feltra; também demora a secar, por isto está sujeita aos mofos; desfia, por isso surgem bolinhas; não reage bem ao calor, o que resulta num "acetinamento"; e assim por diante. Os fios artificiais e sintéticos, tem outras possibilidades, às vezes vantajosas, às vezes não, frente as mesmas coisas. Em geral eles não podem ser passados, senão derretem; rapidamente secam, por que são hidrofóbicos (uns mais, outros menos); muitos não possuem conforto tátil ("pinicam" ou são ásperos, o que também é o caso da lã rústica); tem boa elasticidade, por isso são resistentes às trações e voltam ao normal; não desfiam e nem rompem com facilidade, porque são produzidos por extrusão de um fio contínuo; cedem bastante; e por ai vai... Só que não existe uma regra para tudo isto, as possibilidades variam bastante, por que tudo isto é dependente de diversos outros fatores, como por exemplo, defeitos de fabricação,  de regiões (pelo  clima, influenciando na evaporação) e da ação humana (intensidades e quantidades das lavagens, por exemplo). E, para saber de certeza como o fio se comporta, só dentro de um laboratório com uma bateria de testes que estão longe do alcance do consumidor.

Defeito num fio artificial. Este defeito influencia na durabilidade da peça.

Explicando: se fio escolhido para a confecção daquele lindo modelo da revista é composto de uma fibra que já é frágil em alguns aspectos, por suas próprias característias físicas, mecânicas e químicas, coisa que pode agravada pelos aditivos químicos que recebe durante seu beneficiamento, e ainda ter somado defeitos de fabricação, se não houver cuidados especiais, rapidamente ficará velho, desbotado, gandolento, poderá soltar fibras e pontos, formar bolinhas...Todas estas coisas desestabilizam a química das fibras e as tornam propensas ao ataque de insetos e fungos.  
Por outro lado, se o seu blusão é de uso quotidiano, deve ser lavado e arejado eventualmente. A gordura da pele, o pó e a poeira penetram por entre os fios e fibras, deixando a peça ainda mais frágil e atrativa aos insetos e mofos. O importante é ter bom senso e pesar os prós e contras de uma lavagem.
Reforçando: toda matéria está sujeita às deformações naturais do próprio envelhecimento, que pode ser apenas retardado com cuidados especiais, mas se houver descaso, o processo vai se agilizar. E, a menos que se ande "pelado que nem índio", melhor é cuidar naquilo que diz respeito ao uso, manuseio, limpeza e armazenagem adequados.

Os tecidos


Dicas de como cuidar de suas peças em tricô:

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8. Limpeza à seco
9. Cuidados especiais





Os livros conceituam os tecidos como o resultado de um processo que parte de uma fibra  natural, sintética ou artificial, passam por  tecelagem manual (com ou sem instrumentos) ou de maquinário, resultando  numa estrutura plana e contínua. Ok?  Já te falei que também são têxteis as plumas, as penas e os couros, não é? Este conceito também deixa de lado os tecidos tubulares, que não são contínuos, e o "nosso" tricô manual, que é feito sob medida. Além disto, os têxteis não são só tramados, eles podem também ser prensados. São bons exemplos de tecidos prensados: a cortiça, o feltro e os tecidos não-tecidos (TNT). Estas compreensões também vão influenciar na resistência à lavagem dos tecidos. Tecidos tubulares, por exemplo, na secagem horizontal, formarão camada dupla e demorarão mais para secar. Já os tecidos prensados, na lavagem descuidada, podem perder algumas fibras porque sua união pode ser prejudicada.
Os tecidos tramados devem ser olhados no modo e na frequência do entrelaçamento dos fios. Algumas  tramas industriais resultam em desenhos e relevos diferentes que originam  as estruturas chamadas de tafetá, sarja e cetim. A partir destas três padronagens fundamentais, e conforme as fibras utilizadas, os tecidos se disferenciam em lisos, rugosos, felpudos, grossos, finos, porosas ou não, etc. Quando vamos a uma loja de tecidos na verdade escolhemos a trama, pois elas denominam a peça. Ex:  a malha, o brim, veludo, camurça, cambraia, feltro, etc., etc., etc.  (Para mim isso foi uma surpresa encantadora dentro dos estudos da conservação dos têxteis!).
Como toda a matéria, os tecidos possuem características físicas, determinadas por sua matéria-prima e seu modo de produção. Explico: o beneficiamento da fibra e o acabamento quase sempre utilizam aditivos químicos (para lavar, alvejar, tingir, etc.), que somam vantagens e desvantagens ao produto final. Um exemplo disso é a mercerização do algodão,que nada mais é que é um banho de soda caústica para conferir mais resistência e lustro às fibras. Os tecidos estampados, são outro exemplo, pois saem da tecelagem  com uma cor cinzenta e ásperos, passam por lavagem, para retirar as impurezas e suavizar, por alvejamento para branquear, posteriormente são tingidos na cor de fundo e têm impressos desenhos. Tudo isto são produtos químicos que influenciarão na permanência do tecido, porque eles penetram e reagem com as fibras e, então, lá dentro, bem lá dentro, se inicia reações em cadeia de degradação. Isso comprova que a industrialização, apesar de ter agilizado e possibilitado o surgimento de infinitos tecidos, nos trouxe a desvantagem da fragilidade do produto final.


Tecidos tem diferentes padronagens.

Porém, o processo manual de beneficiamento das fibras naturais e a produção artesanal de têxteis não está livre da degradação pelos mesmos motivos, e outros mais. Mesmo sendo resultado de beneficiamento rústico as fibras originais são alteradas, pois são lavadas, penteadas, soltas umas das outras, etc. O tricô, mesmo aqueles feitos à máquina, resulta em malhas extremamente porosas, pois cada cada ponto é bem visível, e, assim, se tornam frágeis. Comparando tricô à máquina com o manual com agulhas, o primeiro é mais resistente, pois as tensões são mais constantes; o tricô de dedo é a técnica menos resistente de todas porque as tensões são muito variáveis.  Dentro destas técnicas, as infinitas combinações de pontos formam também padronagens: lisas (ponto meia ou o seu avesso, ponto tricô), trançados, jacquards, rendados, irlandês, etc. Cada uma dessas padronagens possuem também diferentes tensões, por isso é melhor respeitar as agulhas que o rótulo indica. O fator humano, no tricô manual, faz com que as tensões variem dependo da motricidade fina e da disposição (não é verdade que lá no final do tricô o ponto é diferente?). Então, as malhas manuais perdem um pouco em uniformidade e, por conseguinte, em durabilidade. Quanto mais frouxo é o ponto, mais tensões distintas ele vai sofrer em diversos lugares da malha; quanto mais apertado é o ponto, a tensão vai ser uniforme e contínua, mas haverá fricção entre os fios e entre as fibras, que ao longo do tempo, poderão rebentar. O fio, agulhas e tensão adequados melhoram a aparência e a permanência da peça.
Se conclui, então, que os tecidos, manuais ou industriais, estão fadados ao envelhecimento, por características que não podem ser evitadas? Não, não podem. Vamos parar de fazer tricô por isso? Não, não vamos. O que se faz então? Se preserva, porque este envelhecimento natural pode ser retardado, com cuidados especiais.Tinhas pensado nisso? Eu não tinha. Sabe porquê? Por que eu sou nascida num tempo que as coisas são cada vez mais descartáveis.

Foto aproximada de uma malha industrial. Entre os pontos: as tensões uniformes do fio.

Um pouco da História da Indústria Têxtil


Dicas de como cuidar de suas peças em tricô:

1. Início
2. Um pouco da História da Indústria Têxtil
3. História do tricô e do tricô irlandês
4. Os tecidos
5. Os fios
6. As fibras
7. Lavagem à úmido 
8. Limpeza à seco
9. Cuidados especiais

Os livros que pesquisei sobre o assunto dão início a indústria têxtil com o surgimento da cestaria na pré-história, só que existem evidências históricas de que, já na era paleolítica, o homem criava carneiros e aproveitavam o velo se cobrir. Estas roupas, assim como qualquer objeto feito a partir de outros couros animais, de penas ou de plumas também são considerados têxteis.
Sabemos o que estes livros querem dizer: que têxtil é tudo que parte de uma fibra natural, artificial ou sintética, passa por uma produção manual ou de maquinário, resultando num tecido qualquer. Vamos partir dai, que é o que nos interessa e, se é assim, a indústria têxtil nasce mesmo com as redes e cestas pré-históricas. Se pensa que o homem pré-histórico aprendeu as tramas observando a natureza, como, por exemplo, as formas do cipó. A medida que as necessidades foram surgindo, a mente humana evoluindo e de acordo com a matéria-prima disponível os têxteis foram ficando menos grosseiros, até chegar uma trama adequada para vestimenta.
Inicialmente, os fios para vestimenta e calçados eram específicos de cada região: cânhamo e algodão (Índia), rami e seda (China), linho -primeiro como alimento- e lã fiada (Egito).  Depois, com as invasões e por interesse comercial, as tecnicidades foram aprimoradas e novas fibras surgem (juta, sisal, etc.). Até então, as tramas eram simples, feitas manualmente, repetitivas e e feitas pela mulher. O processo manual incluía: laços, nós e tramas feitos apenas com as mãos.  Depois, aprendeu-se a usar instrumentos (ossos, dentes e varetas) e mais tarde um tear manual bem rústico, parecidos como os exemplos abaixo:




Até o Renascimento não existiam cores variadas para o tingimento: elas se limitavam a variados tons naturais após secagem da matéria-prima, branco, vermelho, verde, azul, preto e amarelo. Não dá para esquecer de dizer que as cores mais vivas, o prata e o ouro (usados em bordados) distinguia as classes. Os pobres usavam cores naturais. Daí, já vistes, né? Todo mundo de uniforme!
A necessidade de vestimenta é fundamental ao homem desde sempre, mas só passamos a ter um pouco mais de singularidade na moda após a Revolução Industrial. O maquinário desenvolvido agilizou o processo de tecelagem e possibilitou o surgimento de novos tecidos, de infinitas cores e modelos. Claro que os trabalhadores demoraram para usufruir destas tecnologias porque os tecidos diferenciados eram produzidos conforme o gosto dos ricos, com matérias-primas importadas e exóticas. Ainda hoje não é assim?

Bom, mas o fato é que o crescimento da população mundial, e os climas de cada região, criou exigências maiores no que diz respeito ao moderno, mais quente, mais fresco e  mais confortável. Então, atualmente, a indústria se serve de tecnologias ultramodernas para transformar as fibras naturais e desenvolver fibras "hightec" para se adaptar a estas exigências cada vez mais específicas.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Cuidados com a limpeza de peças têxteis

Olá!
Bom, gente, como prometido tentarei explicar como limpar as peças em lã ou linha... mas não é como profissional, até porquê ainda não sou...mas como dona-de-casa e artesã que é o que interessa aqui. Aliás os aconselhamentos são apenas para uso doméstico e direcionados para à preservação, porém, para algumas explicações, não dá para fugir dos termos técnicos.
Blusão supostamente de lã 100% pura.
Pegue lá um cardigã, e veja como ele é: seu estilo, seu fio, etc. Olhe tudo. Tem botão? De metal ou de osso? Zíper? Plástico ou metal? Molengão? Brilha? Lã ou linha? Ponto simples ou é trabalhado? Uso quotidiano ou é uma peça que tu usas eventualmente? Olhou? Ok, então...sinto muito...na verdade, na verdade eu não tenho conselho nenhum para te dar, porque peças têxteis, manuais ou não, preferencialmente não devem ser lavadas. Chocastes? Eu não. Eu já fazia assim com minhas peças de lã, porém as de linha eu lavava constantemente e... na máquina!!! Lavar ou não lavar, neste caso, tinham a ver com inverno e verão, não com a composição do fio ou a produção em si. Explico: no inverno não suamos muito, ou pelo menos o suor não entra em contato diretamente com os cardigãs, e não usamos a mesma peça todos os dias, logo fica sem cheirinho...No verão é diferente: o suor é abundante, a peça entra em contato direto com a pele e se não lavar...Nem eu suporto! risos... Tá, mas daí devo te confessar eu fazia errado, porque as peças têxteis não podem ser lavados à máquina, a lavagem deve ser manual. Novidade? Nenhuma. 
O algodão é mais resistente que a lã pela composição de suas fibras, por isso que nossas blusas de linha de algodão, mesmo lavadas constantemente, têm maior durabilidade. É importante estarmos atentas ao que diz o rótulo do novelo que compramos, pois a durabilidade está associada a pureza do fio. Este exemplo abaixo é um fio misto, por que poliamida é uma fibra sintética; a lã, natural. Estes dois elementos trabalham diferente nas lavagens e na secagem.

Além, da composição e da pureza das fibras é importante o modo de produção das blusas. Peças manuais e trabalhadas (tricô rendado, trançado, jacquard, etc.) são menos resistentes que as lisas ou feitas à máquina, por causa das tensões do fio, que são para as primeiras, constantes; as outras, variáveis.
Por sinal, se vamos entender durabilidade como um conceito amplo, em relação à lavagem de nossas peças, temos que olhar:
  1. Fixação da cor;
  2. Resistência à trações, do tecido, do fio e da fibra, que são coisas diferentes;
  3. Resitência ao calor ( no caso do uso do ferro);

  4. Capacidade de absorção e evaporação da água;

  5. Resiliência, que é capacidade de retornar ao estado original, após sofrer deformações. 

Então, para poder explicar isso para ti, eu dividi este tópico por interesse e em links: para quem quer saber só o que fazer e para quem quer entender o porquê das coisas. Mas, vai por mim, que a segunda opção é bem mais divertida e interessante. Se tu leres tudo vais compreender que têxteis são frágeis em geral, e vais te esforçar ao máximo para preservar tuas peças das lavagens. Boa leitura! 

Links:

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

FÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉRIAS, ENFIM!

OLÁ, "GENTEM"!
DE VOLTA AO TRICÔ.
TODOS SABEM QUE ANDO DESAPARECIDA POR CAUSA DA FACULDADE, NÉ? POIS TERMINEI ONTEM O 3° SEMESTRE E ESTOU EM FÉRIAS...LIVRE, LEVE E SOLTA....HUUUUUM LOOOXU!
BOM..JÁ ESTOU ESTALANDO OS DEDOS PARA INICAR A TRICOTAR ALGO. NO ENTANTO, O COMENTÁRIO DA KIKA (QUE ESTÁ ABAIXO DA POSTAGEM DO PONCHO PRETO) ME INCENTIVOU A PUBLICAR OS CUIDADOS COM NOSSAS PEÇAS MANUAIS OU INDUSTRIAIS ( GUARDAR, LAVAR, ETC.) VOU PROVIDENCIAR UMA POSTAGEM SOBRE ISSO, COM TODAS AS INFORMAÇÕES CABÍVEIS PARA PEÇAS DE USO, OK?
LÁ VOU EU PROS LIVROS NOVAMENTE, RSRSRSR...MAS É POR UMA CAUSA JUSTA.